terça-feira, 8 de outubro de 2013

Quindão

Algumas vezes a gente passa a vida inteira com vontade de comer alguma coisa e um dia descobre como seria fácil matar essa vontade.
Minha mãe odeia ovos, por esse motivo nunca fez quindim para a gente. Quando criança eu nem sequer sabia o que era isso. Quando eu já estava bem crescidinha, durante uma viagem à praia, vi um quindim na mesa de café da manhã e perguntei ao meu pai o que era. Com simplicidade ele me explicou que era quindim: um doce feito com gemas, açúcar e coco. Fiquei curiosa. Afinal, tanto tempo de vida, mais de 20, e eu nunca havia visto e, consequentemente, nunca havia sentido o sabor de um Quindim.
Naquele dia em questão eu peguei um daqueles doces amarelinhos e brilhantes, embrulhado em papel, coloquei na minha bandeja, junto com os tradicionais pães e leite para o café da manhã, e fui para a mesa. Comi meu primeiro quindim e o sabor que ficou na memória foi o de felicidade. Algo comparável a sensação acalentadora de tomar sol, daqueles bem brilhantes, em uma manhã de verão, à beira mar.
Após esse dia maravilhoso na cidade de São Sebastião, litoral paulista, nunca mais comi um quindim. Minha irmã mais nova também experimentou o doce na ocasião e, como eu, ela lembrou com prazer da experiência hoje, quando contei que estava preparando um Quindão.
A receita do Larousse traz orientações para o preparo do quindim e, ao final, explica como a receita pode ser adaptada a versão maior do prato. O quindim deve ser feito em pequenas formas de empada, untadas com manteiga e polvilhadas com açúcar. Já o Quindão é preparado em uma forma de 25 cm de diâmetro, também untada e polvilhada de açúcar.
Escolhi preparar o Quindão por um motivo bem simples: preguiça. Untar uma forma grande é bem mais fácil que 24 formas pequenas. E a melhor parte? Não precisarei lavar dezenas de forminhas minúsculas lebrecadas de manteiga ao final. To cansadinha hoje gente. Adoro cozinhar, mas não sou fã de lavar louça.
Para o preparo dessa receita precisei separar 11 ovos. Lavei todos e separei as gemas de nove deles. Bati com um batedor fouet por um minuto. Acrescentei os outros dois ovos inteiros e bati bem por mais 1 minuto. Os ovos vão ficar com uma textura bem cremosa e as gemas passam do tom laranja vivo para um mais opaco. Nesse ponto é que a receita começa a ganhar vida.
Meça 350 g de açúcar refinado e vá acrescentando aos poucos aos ovos batidos. Mexa bem. A massa vai ficar pesada, mas pensei em como é bom fazer exercício muscular e continuei batendo. Quem sabe, um dia, ganho músculos definidos só de bater massa?
Após juntar todo o açúcar, acrescente ½ colher de manteiga, bata bem e acrescente muito, mas muuuuuuuito coco ralado. Aí resta apenas preaquecer o forno a 220°C, colocar a massa na forma já untada e polvilhada com açúcar e levar ao forno em banho maria. Durante os primeiros 10 minutos de cozimento, mantenha o forno bem quente, mas depois reduza a 180°C por mais 40 minutos.
Lembram-se de quando eu comentava o quanto era bom sentir o aroma das receitas exalando pela cozinha? Pois é, o Quindão me deixou louca com o cheiro magnífico que tive que ficar sentindo por quase uma hora antes de poder comer.
Retirei do forno, desenformei em uma bandeja para servir e aí veio a surpresa. Apesar de estar aparentemente bem cozido olhando por cima, a parte inferior estava ainda bem mole, não ficou amarelinho e eu fiquei decepcionada. Voltei com a receita para o forno por alguns minutos, pra ver se conseguia deixá-lo mais firme. Deu certo essa parte, mas, como poderão ver pela foto, ele não ficou bonito de ver. Ainda bem que a gente sonha é de olhos fechados né? E que sonho!
Tive que experimentar quente, algo que, acho, não seja aconselhado para o estômago. Mas estava divino. Ansiosa para comer mais amanhã, com ele já geladinho.

Prato feito. Prato servido. Bon appétit!
 









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