domingo, 1 de setembro de 2013

Carne com Cerveja

Você já se sentiu completamente perdido, sem ter ideia do que está fazendo? E em meio a esse sentimento desesperador, sentiu-se tentado a mergulhar ainda mais fundo e fazer o possível para extrair de si o melhor?
Em pleno domingo cá estou eu na cozinha, como há muito tempo deixei de estar...
Quando eu era criança, sentia-me maravilhada pelos cheiros que vinham da cozinha enquanto minha mãe ou avó cozinhavam. Interessava-me em saber como elas conseguiam fazer com que os grãos de arroz e feijão sofressem toda aquela mutação em pratos tão macios e saborosos, soltinhos e delicados. Hum... só de lembrar me vem a água na boca.
Incrível como, neste exato momento, estou sentindo aquele mesmo cheiro que vinha da cozinha da minha avó. Acho que descobri o segredo: Banha de porco!
Meu primeiro prato para o lançamento do blog “500 Dias com a PanEla”, que já vem me tirando o sono desde o dia que comecei a idealizá-lo, é a Carne na Cerveja. O prato consiste em cubinhos de carne (Paleta) muito bem temperados e cozidos lentamente em um molho de cerveja clara. Só de ler a receita fiquei tentada a saboreá-lo. Porém, ao olhar com atenção, percebi que meu Larousse adora pregar peças. Muito longe de ser um prato simples para o ser inexperiente em culinária requintada que vos fala, esta carne me deu muita dor de cabeça, uma madrugada insone e - obrigada Senhor! - boas risadas.
Entre os ingredientes, meu tijolo de receitas trazia o Caldo de Carne. De primeira pensei que bastaria ir ao mercado e comprar uns cubinhos de caldo industrializado. Só que o engano foi tremendo. O Caldo de Carne é mais uma das super-receitas do Larousse, uma espécie de segredo de Chef. Entre outros tantos ingredientes – incluindo maços de tomilho que eu não achei em lugar algum na minha cidade – um osso de boi. Como é que se arruma um osso de boi??? Eu pirei, pedi pro meu pai me salvar, mas não teve jeito. Sei que pra muitos isso pode parecer loucura, mas apesar dos meus 24 anos de idade - é difícil admitir -, eu nunca tinha ido a um açougue por vontade própria, para comprar carne pra mim. Lógico que já fui acompanhando a minha mãe, quando ainda era criança... Mas ir lá escolher a carne que eu vou cozinhar, pedir o corte que eu preciso, conversar com o açougueiro sobre a melhor carne do dia e, mais que tudo: “O senhor pode me arrumar um osso?”
O senhor que me atendeu, acho, ficou meio confuso, mas disse que tinham um osso da parte próxima ao joelho. Eu falei que podia ser esse mesmo. Ele então perguntou se ia levar alguma carne e eu fui fazendo meus pedidos. Pedia uma carne e lembrava-o de pegar o osso, fazia o pedido seguinte e “não esquece meu osso em moço!”. Ao fim pedi mais uma vez e ele riu, claro! Fiquei pensando, na minha inocência, quanto custaria um osso. Paguei as carnes e ao fim ele me trouxe uma sacola com meu pesado troféu: “Pode vir aqui sempre que precisar moça!”
Primeiro desafio vencido e eu achando que poderia comemorar. Aha! Pegadinha!!!!

O Caldo de Carne

Aos sábados eu tenho um cronograma a cumprir: sempre levo minha irmã mais nova ao curso de web, volto para casa, me arrumo, a busco, almoçamos e vamos ao curso de Inglês. Voltamos somente às 17h. Neste sábado especificamente as coisas foram um pouco mais corridas: levantei cedo; fui ao mercado e ao açougue; levei minha irmã ao curso; fui
a outro mercado tentando achar o Tomilho - que simplesmente não existe por aqui em natura, somente em flocos secos – e o alho poró – ainda bem que esse eu achei; busquei minha irmã no curso; almocei; fui para o curso de Inglês; passei em casa para deixar o carro e peguei um ônibus para Campinas – fazia séculos que não via meu time jogar e tive que fazer isso justo neste final de semana... muito esperta!; voltei pra casa chateada por meu time perder; passei a madrugada cozinhando o tal Caldo de Carne.
O Larousse me desanimou: 3h30 de cozimento em fogo brando...
Juro que fiquei com certo nojo do caldo no início. Nos primeiros 30 minutos de cozimento ele solta uma espuma cinza hiper nojenta e fedida, do tipo que deve sair de cortumes. Não parava de imaginar uma panela de esgoto. Segui as instruções e escumei aquela sujeira tóxica e nojenta ao extremo. E vejam só... Ao final ele ficou lindo e extremamente cheiroso. Graças a Deus! Já estava querendo jogar tudo fora, com ódio do osso, mas o meu tijolo de receitas foi bonzinho e estava tudo correto. Respirei fundo, coei o caldo, deixei esfriar, guardei na geladeira e fui dormir.
E aqui voltamos ao início deste post. Neste momento estou aguardando minha Carne na Cerveja cozinhar lentamente na caçarola elétrica que minha mãe me deixou usar. O molho de cerveja foi surpreendentemente fácil. Usei uma garrafa de Baden Baden Pilsen, que minha irmã mais velha disse ser ótima para cozinhar e o rótulo da marca já traz essa indicação.
Antes de dourar os cubos de carne na banha de porco, eu os lavei, escorri e sequei um a um em guardanapos de papel, como sugere a Julie Child, por quem me encantei em Julie e Julia. Ficaram lindos e douraram sem formar aquela aguaceira... Ela é perfeita!
Então, agora deixo vocês imaginarem o sabor e degustarem as fotos. Ainda falta 1h00 para que eu descubra o resultado final. Mas amanhã trago outra receita e conto o que o pessoal aqui achou da Carne na Cerveja.
Bon appétit!










10 comentários:

  1. Bom, adoro cozinhar, ok ok, não tão bem como eu gostaria, mas até que me dou bem! rsr

    Vou acompanhar seu blog nesses 499 dias, 9 horas e alguns minutos!

    Sucesso! o/

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  2. Fiquei com vontade deste prato lindo

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  3. Primeiramente, gostaria de parabeniza-la pela iniciativa, depois pelo texto, leitura muito agradável. Por último, entretanto mais importante, pelo prato, sim eu estive lá, fui cobaia da primeira receita e posso dizer com satisfação que o prato estava divino, talvez a melhor carne que eu já tenha comido. Para finalizar quero só ver como vai ficar a rã.

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  4. Hmmm me deu uma vontade!!! Vou tentar fazer um dia!! srsrs Seu blog tá ficando lindo, Jeh! O Layout é maravilhoso!!! Parabéns e mto sucesso! ♥ Lezinha

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  5. O prato ficou sensacional. Quem pensa que carne de segunda só pode virar uma carne moída tem que apreciar o prato. O molho tem um quê de divino, sabor de prato de vó com uma pitada de requinte. Quando você me contou todo o trabalho e tempo de preparo do molho, comecei a pensar nos pratos rápidos e cheios de sódio que estamos acostumados a comer; precisamos de mais arte e dedicação na cozinha.Que venham mais buquês de temperos naturais! Parabéns!

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    1. Pois é maninha! O sabor do caseiro não tem comparação. E a paciência em esperar horas de cozimento em fogo brando realmente compensaram. =)

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